Animação e dança não faltaram na apresentação da 26ª edição do Festival da Caldeirada e do Mar, que decorreu na entrada do Mercado Municipal de Armação de Pêra, hoje, dia 23 de Maio.

Fundada a 22 de Setembro de 2017, a associação STAM nasceu de um sonho coletivo: transformar a vida de jovens através da dança, do hip-hop, da cultura e da inclusão. Hoje, com sede em Armação de Pêra, é uma referência no Barlavento Algarvio, com impacto crescente e voz ativa nos desafios da juventude.

Começou como um grupo de amigos com vontade de fazer a diferença num bairro municipal, em Porches. Entretanto, vieram para Armação de Pêra, porque havia muitas pessoas da vila que também queriam participar e que antes não podiam estar presentes devido à distância.

Em 2020, a STAM começou a dar aulas em Lagoa, pois havia pessoas interessadas, tal como aconteceu em Armação de Pera. Em 2022, expandiu-se para Albufeira.

«Quanto mais espaço nós tivermos também, mais longe conseguimos chegar», refere Hernâni Neves, cofundador da STAM.

Hoje, já com 8 anos de existência, a associação STAM estende as suas atividades aos concelhos do Algarve, Silves, Albufeira e Lagoa, alcançando centenas de jovens, com foco dos 3 aos 18 anos, através da dança e do compromisso social.

Hernâni Neves relata que a inspiração surgiu em 2015, quando se reencontrou com Tatiana, atual presidente da STAM, e juntos decidiram iniciar aulas de dança em Portimão.

«Na altura, não havia quase nada em termos de dança no Barlavento», explica. Foi o ponto de partida para uma iniciativa que hoje impacta cerca de 250 jovens e se distribui por Silves, Lagoa e Albufeira, com quatro profissionais no comando.

«Cada pessoa que faz parte da nossa equipa, partilha também da mesma paixão e tem o mesmo compromisso de dar à comunidade e aos jovens aquilo que nos preocupa mais e o que é que podemos fazer de diferente para o dia-a-dia dos jovens», relata o cofundador.

A missão da STAM vai muito além da expressão artística. A associação combate as barreiras sociais e financeiras que impedem muitos jovens de participar em atividades culturais. Com projetos como “mensalidade zero”, implementado em Lagoa, a associação oferece bolsas a quem não tem capacidade financeira para frequentar aulas exteriores.

«Queremos que todos possam dançar, independentemente das suas condições», afirma Hernâni.

Além da inclusão, a STAM também atua como ponte para o futuro: muitos alunos são encaminhados para profissões técnicas ou artísticas, e a equipa acompanha as suas trajetórias, mesmo além da dança.

Apesar dos resultados, a associação enfrenta desafios sérios: falta de instalações fixas e de transporte próprio.

«Não temos um espaço que possamos chamar de nosso. Dependemos de escolas e pavilhões, com horários limitados, o que dificulta a organização de atividades regulares», explica o cofundador da STAM.

A STAM tem realizado os treinos de dança no pavilhão desportivo da Escola Dr. António da Costa Contreiras, em Armação de Pêra, quando este tem disponibilidade na parte da tarde.

Os treinos são às terças e sextas-feiras. Dos 6 aos 11 anos é das 18h30 às 19h30 e a partir dos 12 anos é das 19h30 às 20h30.

Pode saber mais sobre as aulas nas outras freguesias no Facebook da STAM.

A necessidade de uma sede própria é uma constante. Um espaço dedicado à juventude, onde se possa promover não apenas dança, mas também formação, acompanhamento social, workshops e projetos inter-geracionais.

A STAM tem um papel ativo no debate social e juvenil. Participa em programas com o IPDJ, promove workshops, propõe orçamentos participativos e defende mais formação para dirigentes associativos.

«Não queremos só crescer como escola de dança, mas melhorar o ecossistema à nossa volta», explica o cofundador.

As apresentações e espetáculos da escola de dança não são apenas momentos de celebração. Representam um esforço contínuo de educar culturalmente uma comunidade que, segundo Hernâni, ainda valoriza pouco a cultura comparativamente ao desporto.

«Falta-nos uma educação cultural real. Muitos jovens veem a dança como algo passageiro, porque essa é a imagem que a sociedade ainda transmite», diz Hernâni.

A equipa da STAM apostou sempre em educar a comunidade quando celebrava o Dia Mundial da Dança, quando tinham a parte prática na zona do antigo minigolfe e com a teórica na sala polivalente para comunicar com a comunidade. Mas o resultado não foi o esperado.

«Notamos que a maioria de quem estava nas salas era um dos nossos, ou seja, nós conseguimos perceber que a comunidade não estava tão presente, que a parte prática, onde todos queriam lá estar», recorda Hernâni.

«Nós tentamos reformular também o evento e temos trazido isso também mais para as aulas, através de palestras, de workshops e tudo mais que fazemos nas escolas, mas também nas aulas, através de várias professoras, de trazer esses testemunhos também e de mostrar-lhes que é possível. Só que lá está, nós também temos aquela contradição que é, temos de explicar aos jovens o que é que é possível, mas, possivelmente, ou muitas das vezes, quando eles chegam a casa, o feedback que os pais possam passar pode não ser minimamente parecido àquilo que eles assistiram», acrescenta.

O objetivo da associação é ambicioso: atingir mais jovens, criar uma rede de trabalho conjunto entre coletividades e, eventualmente, mudar o que se passa ao redor, implementar campos de férias culturais e inter-geracionais.

Para isso têm atuado em diversos eventos pelo Algarve, tais como: Feira do Folar, em São Marcos da Serra, FATACIL e o Dia da Juventude, em Lagoa.

«Queremos que o nosso nome represente não só dança, mas um ponto de apoio real para os jovens do Algarve», afirma.

Para além de ensinar aos jovens, a associação também pretende criar atividades para os adultos brevemente.

Mesmo com obstáculos, a STAM mantém os pés firmes e os olhos no futuro. O sonho de criar algo de valor para a juventude mantém-se vivo — e em movimento.

«A STAM, para mim, é como fosse um porto seguro, em que recebemos alunos de várias nacionalidades, de vários parâmetros sociais e etnias, como se fosse uma segunda casa deles. Têm pessoas que realmente se preocupam com o bem-estar dos alunos», afirmou Hernâni.

«Nós não estamos aqui por reconhecimento. Estamos aqui por um bem maior: os jovens e a comunidade», termina.

Chega vence com 37,04% dos votos na Freguesia de Armação de Pêra, seguidamente do AD- Coligação PSD/CDS com 27,98%, nas Legislativas 2025 realizadas no dia 18 de Maio.