Maria Rafaela, responsável pelo grupo Plogging em Armação de Pêra, pratica exercício físico e sensibiliza enquanto limpa as ruas da vila, há cerca de três anos.
Maria Rafaela não é apenas uma cidadã comum. É uma mulher que decidiu trocar a indignação pela ação, e o passeio tranquilo por um gesto cívico: apanhar lixo durante as caminhadas. Assim nasceu, há cerca de três anos, o grupo de plogging de Armação de Pêra — uma iniciativa que alia exercício físico à preservação ambiental.
«Comecei a fazer isto por mim. Vi muito lixo nas ruas e nas praias e senti que tinha de agir», explica Maria.
O termo plogging nasceu na Suécia, em 2016, e resulta da fusão das palavras suecas “plocka upp” (apanhar) e “jogging” (correr). Mas Maria foi mais longe: criou uma página nas redes sociais, marcou encontros regulares — todas as terças-feiras às 15h00, junto ao casino — e passou a mobilizar outras pessoas para esta causa.
Com apoio da Junta de Freguesia e com reuniões na Câmara Municipal de Silves, o grupo foi crescendo, envolvendo sobretudo a comunidade estrangeira residente. Ingleses, franceses, alemães e belgas aderem com frequência.
«Há muita receptividade lá fora. Os portugueses ainda têm alguma resistência em pegar numa garrafa do chão», nota a fundadora.
A Century 21, imobiliária na vila, também aderiu ao gesto e quando os seus funcionários têm disponibilidade participam na iniciativa, tal como foi o exemplo de Celina Mendes e de Bernardo Agostinho.
Segundo Celina, esta iniciativa é boa para um problema que não devia existir, mas já que é recorrente, sente que faz falta mais sensibilização nas ruas, cartazes e mais abordagem nas escolas, pois «os filhos fazem o que os pais fazem».
O objetivo não é apenas limpar. É inspirar. E o feedback tem sido positivo.
«Queremos que as pessoas vejam que é possível fazer a diferença com um pequeno gesto», afirma Maria Rafaela.
O grupo não só apanha lizo, como também tem abordado as pessoas sobre o tema, tal como a comunidade asiática.
«Eu pedi ajuda a um (asiático), porque o saco estava muito pesado e eu não estava à espera que ele levasse para o lixo comigo. Portanto, a receptividade é boa, porque o nosso trabalho não é só apanhar lixo, mas é motivar outras pessoas», conta Maria.
Para a fundadora, ainda faz falta sensibilidade na comunidade de passar à ação e o ideal era sensibilizar os alunos das escolas secundárias para esses temas, conversar e incentivar as pessoas. Neste momento, sente-se «como uma motivadora de pessoas para fazerem isso».
Além do impacto direto no ambiente, o grupo promove convívio, partilha de culturas e até um chá no fim de cada sessão.
Para o futuro, Maria sonha com a expansão da ideia: “Plogging Pêra, Plogging Alcantarilha, Plogging Silves… Seria fantástico ver isto espalhado por outras terras».
Deseja, ainda, que se pudessem juntar mais grupos plogging, de acordo com as disponibilidades que tenham, seja em um dia ou uma hora diferentes.
E deixa um apelo: «Venham experimentar. Façam exercício, conversem, conheçam pessoas. Sentirem-se úteis é das melhores sensações que se pode ter».