O designer David Simões, de Armação de Pêra, já esteve envolvido em vários projetos na vila como um estúdio de yoga ou um bar, tornou-se designer como profissão, mas nunca deixou de lado o fascínio pela cozinha. Há pouco tempo arriscou entrar no programa da RTP, Masterchef, que transmitiu a final este domingo, dia 16 de Fevereiro.
Antes de ingressar no Masterchef, já a experiência na cozinha era muita.
A primeira memória na cozinha é com a sua mãe, era sempre a pressão de ter «um bolo ao jantar». Lembra-se de gostar muito de fazer pão de ló. Gostava tanto que a sua mãe brincava com ele por escolher sempre um bolo tão caro de fazer, pois leva sempre muitos ovos.
Deixando os bolos, à medida que foi crescendo começou por cozinha mais na altura em que foi para a universidade. Nessa altura, não era só para ele, mas também para os seus colegas de casa que não apreciavam cozinhar. Mesmo dando uns toques na cozinha, há memórias de ligar para a mãe, seja a que horas fosse, para ter uma pequena ajuda ou opinião.
O gosto pela cozinha ia cada vez mais aumentando e há cerca de sete anos David mudou o seu estilo de alimentação para o vegetariano, um facto que abriu mais sabores e foi um motivo para explorar ainda mais a cozinha.
Já nos últimos meses, o designer queria abrir ainda mais os horizontes e andava à procura de workshops de culinária, até que apareceu as inscrições para o programa Masterchef e, com o incentivo da sua mulher, arriscou e inscreveu-se. A inscrição foi aceite, teve uma entrevista por telefone para saber um pouco sobre o candidato, passou por quatro castings e finalmente conseguiu passar para o programa.
A oportunidade foi agarrada, foi aceite e começou a ter formações para o programa na Escola CFPSA (Centro de Formação para o Setor Alimentar), para saberem o básico da cozinha.
«Há muitas pessoas que têm experiência já, que tiveram o privilégio de trabalhar com outras pessoas ou em espaços, e eu só de entrar eu fiquei muito feliz, gostei muito», descreve David com um sorriso.
Quando chega ao primeiro episódio do programa, gravado da Praça do Município, em Lisboa, começa a aparecer um «nervoso miudinho», pois são 100 concorrentes, «com pratos com bom aspeto e têm pinta de cozinheiro» e só 30 é que passam para a fase seguinte. Quando foi selecionado com a entrega da colher de pau só apareceu a «vontade de ficar» no top 15, no top 10, e assim sucessivamente.
Além da passagem por cada etapa, o nervoso surge também devido ao que está por detrás do que se vê na televisão, seja as câmaras, os chefes, a pressão do tempo ou mesmo aquele pensamento de não fazer asneira.
O que se leva para lá são livros de receitas que se possam estudar nos tempos livres. O que se traz de volta é o conhecimento, ter uma mente mais aberta para procurar mais receitas, aprendeu a lidar com a pressão, com a organização, a mexer em utensílios e as pessoas que conheceu e que ainda mantém contacto.
Foram sete semanas de programa em que foi o tempo suficiente para criar amizades, partilhar momentos de cozinha e de convívio, aprendeu técnicas com os colegas e com isso trouxe de volta a Armação de Pêra um balanço positivo cheio de aprendizagem.
Havia participantes de todos os lugares do país e aqui a troca de ideias foi ainda maior, dando oportunidade ao David de ter dado a experimentar comida vegetariana aos colegas.
Por ser vegetariano teve que pôr uma capa para ter que seguir etapa por etapa e ter que provar os pratos que fazia e executá-los. Além desse desafio, a dificuldade que se sentia mais era as saudades da mulher e da filha, mas que deram sempre o apoio até ao final.
David recorda-se que a pior prova que teve foi a prova de equipas em que o prato era com enguias, pois vieram vivas. A que mais gostou foi de fazer gelados do zero, e foi uma coisa que trouxe para o Algarve e que já fez a receita em casa.
Para o futuro, David Simões revela que não vai abrir nenhum restaurante, nem controlar nenhuma cozinha, visto ao conhecimento que ainda precisa, mas pretende continuar a cozinhar, a fazer formações e até gostava de trabalhar com eventos ao lado da sua mulher.
Para quem não se inscreveu em algum dos programas que gostava de participar, David incentiva a irem, «porque a vida é curta, temos que pensar nas nossas vontades e nos nossos quereres e não no que os outros pensam. Quem quer e não tem um obstáculo físico na frente, que avance».
Do programa, o feedback foi positivo e sentiu o apoio de todos o que encontravam na rua.